"O ano foi de aprendizado e não de muitas conquistas', diz Kaio Márcio"
Após fracassar nas Olimpíadas de Londres e reconhecer o baixo desempenho na competição depois de não conseguir sequer passar das eliminatórias nas três provas que disputou (100m e 200m borboleta e o revezamento 4x100m medley), Kaio Márcio já está focado na próxima temporada. Para 2013, a prioridade dele será o Mundial de Barcelona.
De volta à João Pessoa depois de três anos nadando pelo Fluminense, ele retomou os treinos em novembro. O nadador fez uma avaliação sobre este ano e mostrou disposição para desenvolver novos projetos na capital paraibana.
Com apenas 28 anos e na bagagem três Olimpíadas seguidas (Atenas/2004, Pequim/2008 e Londres/2012), Kaio também já pensa na aposentadoria daqui a cinco anos. Mas antes quer disputar os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.
Em 2012, a última competição do nadador paraibano foi o Campeonato Mundial de Piscina Curta de Istambul, na Turquia, no começo de dezembro. Kaio terminou em 18º lugar nos 200m borboleta sem conseguir avançar para as semifinais da competição.
Neste ano, o campeão olímpico também teve conquistas. Ele encerrou a participação no Trófeu José Finkel, em São Paulo, com quatro medalhas: ouro nos 100m e 200m borboleta, prata no revezamento 4x200m medley e o bronze nos 50m borboleta.
Confira a entrevista na íntegra com Kaio Márcio:
Qual é a avaliação que você faz de 2012?
Esse ano terminou sendo de aprendizado e não de muitas conquistas"
Kaio Márcio
Foi um ano bem diferente para mim. Estava focado nas Olimpíadas, mas infelizmente não tive um bom desempenho. Antes das Olimpíadas nadei bem e fiz um dos melhores tempos da temporada, que foi nos 200 metros borboleta. Esse ano terminou sendo de aprendizado e não de muitas conquistas. Consegui conhecer um pouco mais de mim, e saber até onde posso chegar. Achei isso importante.
Qual será o seu foco para 2013? Mundial de Barcelona?
Sim, vou ficar focado no Mundial de Barcelona, que será a principal competição do próximo ano. Vai ser uma competição de renovação. O Mundial será uma grande chance para fazer um teste e ver como estou nadando. Também estou querendo ficar focado nos 100 metros borboleta.
Nas Olimpíadas você não conseguiu avançar para as finais nos 100m borboleta, nos 200m borboleta e no revezamento 4x100m medley. O que aconteceu?
Às vezes não estamos em um dia bom, e por isso, não conseguimos nadar direito. Acontece e faz parte de todo esporte. Competi e não tive um bom desempenho. Não consegui ter êxito. Nem vai ser por isso que vai cair meu mundo. Precisa saber levantar e partir para outra competição.
É muito tempo, né? Quarta Olimpíada e que bom, que vai ser no Brasil. Seria para encerrar a minha carreira com chave de ouro. Isso me deixa feliz e muito motivado. Vou poder estar tendo a oportunidade em terminar o meu ciclo olímpico no meu País, no Rio de Janeiro. Está com tudo para ser um sucesso.
Conquistando a vaga para as Olimpíadas a sua preparação vai mudar?
Até lá tem muito tempo. Ainda não estou pensando nas Olimpíadas, e sim no Mundial de Barcelona. Vamos de metro em metro. Cada ano terá uma competição importante, e em 2013, ainda vai ter Mundial, que será o primeiro passo. Após o Mundial vamos seguindo as nossas metas.
Depois de três anos morando no Rio de Janeiro e treinando no Fluminense. Você acha que evoluiu na carreira?
Foi muito bom. Fiquei satisfeito com esse período que passei por lá. É muito importante defender uma equipe de grande nome. E olha a coincidência. Nesses três anos anos de clube, o Fluminense conquistou o título de campeão brasileiro por duas vezes no futebol. Está com cara que eu sou pé quente, hein (risos).
Qual foi o seu principal adversário no Rio de Janeiro?
Não sei. Talvez não tenha me adaptado 100% à cidade. Consegui fazer alguns amigos, apesar de ser muito corrido e viajar bastante. Foi uma experiência de vida muito boa. Aproveitei bastante. Saí de lá uma pessoa mais madura.
Nesse seu retorno para João Pessoa, o que você espera?
Estou retornando para continuar treinando normalmente. Quero continuar evoluindo ainda mais na natação. Pretendo desenvolver a minha escola de natação. Desejo torná-la referência na formação de novos atletas. Estamos com uma grade de professores capacitados para poder oferecer o que temos de melhor no esporte.
Estão surgindo novos atletas, principalmente no nado borboleta, que é a sua especialidade. Você já sabe quem está sendo o seu principal adversário?
Muita gente nova, muita gente boa aparecendo. Tem o Chad le Clos, que venceu o Michael Phelps nas Olimpíadas de Londres. É um atleta sul-africano que está nadando bem os 100 metros. Acho que pode ser considerado o maior nome do nado borboleta, atualmente. É um nome a ser batido no Mundial de Barcelona.
Você pretende se aposentar em 2017, com 33 anos. Não está muito novo?
Não sou jogador de futebol (risos), sou nadador. Tenho que estar melhorando o meu tempo e dar o melhor de mim até os 33 anos. Isso é bastante tempo. Já estou nadando já faz um tempinho. Só de Olimpíada até 2016 serão 16 anos em alto nível. Chega um período que o corpo dá uma cansada. Mas não vou deixar de nadar, lógico. Para competir em alto nível exige muito. É muito desgaste. Deixamos de viver, ficamos muito tempo fora de casa, treinamentos em altitude.
Qual é o recado que você deixaria para os seus fãs?
Que todos fiquem despreocupados, pois ainda está um pouquinho longe para me aposentar. Tenho cinco anos pela frente para poder dar muitas alegrias ao povo brasileiro. Aos que torcem por mim e me incentivam podem ficar tranquilos.