quinta-feira, 14 de agosto de 2014

SUPERAÇÃO APOS TRAUMA

Rosana Selicani, paratleta de São José dos Campos-SP (Foto: Reprodução/Facebook)

O esporte motiva a superação de traumas psicológicos e físicos. No caso de Rosana Selicani, que vive em São José dos Campos, interior de São Paulo, a atividade física foi essencial para que deixasse para trás uma fase difícil de sua vida e largasse um vício que atinge a qualidade de vida de milhões de brasileiros.    

A paratleta de 47 anos, que hoje representa a cidade em competições regionais e estaduais, começou a nadar em 2000, mesmo ano em que largou o cigarro, vício cultivado na juventude. A prática esportiva e o desprendimento do fumo eram necessários para que ela não ganhasse peso e pudesse utilizar uma prótese na perna esquerda, que teve que ser amputada após um acidente de motocicleta, em 1991. Na época, estava grávida do primeiro dos dois filhos que teve com o marido Carlos Messias, com quem é casada há 23 anos. Dois anos depois do nascimento de Victor, Rosana engravidou novamente. Embora tenha sido “forçada” a ter hábitos mais saudáveis, a nadadora conta que a motivação de competir nas piscinas era antiga e que foi “revivida” com a necessidade.   
- Coincidiu tudo. Quando era criança eu tinha vontade, mas nunca tive oportunidade de começar (a nadar). Foi quando inauguraram o centro esportivo no meu bairro e resolvi começar. Com isso, desenterrei a minha vontade. Comecei a atividade física para não ganhar o peso devido à gravidez e para manter a minha prótese. Minha perna também começou a formigar e sabia que tinha que parar de fumar. Tive que agarrar o esporte – disse.   
Rosana Selicani treina três vezes por semana em um centro esportivo no bairro de Santana, zona leste de São José, e em uma academia no Parque Industrial, na zona sul. A paratleta natural de Paraguaçu-MG acumula mais de 100 troféus entre competições regionais e estaduais, em piscinas e em maratonas aquáticas no mar. Ela também foi a primeira deficiente física a defender a equipe de São José dos Campos em competições oficiais. Já completou a Travessia dos Fortes, no Rio de Janeiro, 14 vezes, chegando na segunda posição em 2005 e 2006. Em 2014, ela conquistou uma medalha de ouro e uma de prata nos Jogos Regionais de Caraguatatuba e se prepara para disputar os Jogos Abertos do Interior, no fim do ano.   
Com tantas conquistas, ela trava hoje uma única batalha: não voltar a fumar. Ciente de todos os riscos que corre com o cigarro, ela diz que se mantém longe dos maços e que não pensa em largar a natação, mas que às vezes o vício ainda fala alto.   
- Antes da natação, tentei parar de fumar em algumas quaresmas, mas voltava "comendo cigarro". Hoje, vejo que tudo me faz bem, mas admito que a vontade aparece as vezes, tanto que já cheguei a sonhar que estava fumando. Não penso em voltar com isso agora e quero continuar na natação – afirmou Rosana Selicani.     
Superação  
Um acidente na noite de 7 de dezembro de 1991 fez com que Rosana Selicani, com 25 anos na época, tivesse que amputar a perna esquerda, após um carro, que vinha na contramão em uma rodovia estadual de São José dos Campos, derrubar ela e o marido, Carlos Messias, de uma motocicleta. Eles voltavam de uma confraternização de fim de ano da empresa em que trabalhavam. Ela estava grávida de sete meses.   
Meu marido só teve tempo de desviar a moto, caímos e quando vi o carro já tinha passado pela minha perna. Não desmaiei e fui consciente ao hospital. Com meu filho, graças a Deus não aconteceu nada – relatou Rosana.   
Dois meses após o ocorrido, Victor, hoje com 22 anos, nasceu. Três meses depois do nascimento do filho, Rosana começou a usar uma prótese. A adaptação à vida de deficiente físico não foi tão difícil e aí veio a segunda gravidez, da filha Juliana, de 19 anos. O peso adquirido com as gestações seguidas trouxe um risco para a prótese de Rosana. A natação a ajudou a manter o peso, melhoras a qualidade de vida e a revelar a atleta que existia.   
- Graças a Deus não encontrei dificuldades para me adaptar a vida e ao esporte. Hoje sou muito feliz e continuo me dedicando à natação.

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